quinta-feira, 9 de junho de 2011

sobre as eleições / a política / o estado da nação



Li este texto e plagiei!


Imagem: “A Politica, a Grande Porca”, desenho de Rafael Bordalo Pinheiro (in A Paródia, 1900)

Em qualquer regime político ou mudança governativa há-os os heróis e os adesivos. Os heróis são quem congemina a diferença e a mudança, quem avança corajosamente, se for preciso. Os adesivos, por seu turno, são um espécime humano de oportunistas, egoístas e racionalistas na conquista de poder e mais-valias pessoais.Já no fim da Monarquia, quando o regime parlamentar se degradava eticamente, Bordalo desenhou a Política como “a grande porca”, criticando os partidos e os políticos através da caricatura e do ridículo.Depois, em 1910, houve um caso curioso: quem anunciou a República do alto da varanda municipal, espécie de bastão oficial da proclamação, foram os políticos, mas quem efectivamente avançara pela avenida abaixo rumo à Baixa de Lisboa tinham sido os republicanos revolucionários, liderados por Machado Santos que não teria os mais cargos na República e acabaria morto, em 1921, depois de lutar em defesa do regime contra a investida monárquica e sendo vítima das forças revolucionárias que tão longamente cultivara. Em 1910 os profissionais da política souberam o que era “melhor” para o povo e deles surgiu um banho de adesivos, qual nuvem de vorazes gafanhotos.Os adesivos são uma constante realidade na história política portuguesa, tanto nos últimos anos da Monarquia e na implantação da República, como também na conquista da Liberdade, há 36 anos, e na partidarização actual da política. No 25 de Abril Salgueiro Maia foi o Machado dos Santos da República. E, hoje em dia, ei-los – os novos adesivos – sempre presentes junto a um novo líder de partido, à espera de um lugar ao sol, praticando a subserviência, tão suficiente para singrar, em vez do mérito profissional e do currículo pessoal, como que culto de uma "tradição adesiva”.Os adesivos da política à portuguesa são o pior dela e, verdadeiramente, os coveiros do país.

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